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Uma família deslocada em Kaya, Burkina Faso, após fugir da violência armada na regi?o (23 de novembro de 2020). Uma família deslocada em Kaya, Burkina Faso, após fugir da violência armada na regi?o (23 de novembro de 2020). 

Burkina Faso. Mais de 20 mil refugiados burquinenses em perigo no Mali

O Conselho Norueguês para os Refugiados (NRC) publicou um comunicado de imprensa na quarta-feira, 21 de agosto, alertando para a situa??o humanitária “insustentável” no Mali, acentuada pela inseguran?a alimentar. Entrevista a Ousmane Drabo, porta-voz do NRC para a ?frica Ocidental e Central.

Entrevista de Augustine Asta - Cidade do Vaticano

A maioria dos países do Sahel enfrenta hoje uma crise multidimensional. Nas comunidades locais do Mali que acolhem um grande número de pessoas deslocadas internamente, a pressão é enorme e os recursos limitados. Os refugiados burquinenses que encontram refúgio no centro do Mali “enfrentam um duplo fardo: a deslocação e a insegurança alimentar”, especifica o NRC, o Conselho Norueguês de Refugiados.

Para Ousmane Drabo, a falta de financiamento, aliada às dificuldades relacionadas ao registo e assistência aos refugiados em zonas remotas e de difícil acesso, continua a dificultar a resposta humanitária.

Em que condições vivem estes burquinenses que fugiram da violência no seu país e encontraram refúgio no Mali?

Esta é uma situação dramática e alarmante. Muitos refugiados, milhares de pessoas, continuam a fugir da violência no norte do Burkina Faso para tentar encontrar refúgio no centro do Mali. Desde o início de 2024, mais de 20.000 refugiados estão atualmente no centro do Mali, em Koro e nas aldeias vizinhas. Estes refugiados enfrentam enormes desafios e enormes problemas ligados ao acesso à água, aos alimentos, à falta de abrigo e também ao acesso à terra para poderem realizar atividades agrícolas.

Que impacto tem esta afluência na população local?

Estas deslocações em massa acrescentam uma pressão adicional aos problemas que já enfrentam as comunidades de acolhimento no centro do Mali. De qualquer modo, a maioria dos países do Sahel enfrenta hoje uma crise multidimensional. O facto de ainda recebermos refugiados, milhares de pessoas do Burkina Faso, cria uma espécie de sobrelotação. Os recursos, que já eram limitados, hoje são quase inexistentes. Devemos agradecer a generosidade e a solidariedade ativa destas comunidades de acolhimento nos centros malianos que puderam acolher alguns destes refugiados. Mas, hoje, encontram-se lotadas e os intervenientes humanitários também se encontram sobrecarregados porque, muito simplesmente, não há meios financeiros, não há comida suficiente, não há água suficiente, não há abrigo para estas pessoas, porque estes problemas já existiam antes da sua chegada ao centro do Mali.

Como são recebidos os refugiados burquinenses no Mali?

Existe uma parceria entre as autoridades locais do Mali e as organizações humanitárias. Deve dizer-se que todas as ações empreendidas por ONG ou outros atores humanitários estão sob o controlo do Ministério da Solidariedade e Ação Humanitária do Mali. As autoridades locais estão a tentar ao máximo encontrar abrigo e meios para fornecer comida, abrigo e água a estes refugiados, em consulta com as ONG. Portanto, é uma espécie de complementaridade entre os esforços das autoridades locais e os das ONG locais no centro do Mali.

Quais são as outras dificuldades enfrentadas pelos refugiados do Burkina Faso?

Hoje, a fome está no horizonte nesta zona do Mali. Haverá inevitavelmente consequências na vida destes refugiados, mas também nas vidas das comunidades de acolhimento, porque não existe um campo de acolhimento formal. Estes refugiados são acolhidos principalmente por famílias nas comunidades de acolhimento ou alojados em escolas. Como sabem, estamos quase no início do ano letivo, pelo que serão obrigados a abandonar estas escolas para poderem encontrar outros abrigos. Outros dormem no chão, sob as estrelas, porque não há espaço nas famílias de acolhimento. Todos os espaços públicos já estão lotados.

As necessidades humanitárias são numerosas e os recursos financeiros são, em última análise, limitados. Como podemos responder eficazmente a esta crise neste contexto?

Lançamos um apelo à comunidade internacional, aos doadores, para que possam financiar ainda mais a resposta humanitária no Mali e principalmente no centro, de forma a reduzir o sofrimento destes refugiados, mas também das pessoas deslocadas internamente. Ao financiar esta resposta humanitária, isto dá às ONG a oportunidade de aumentar a capacidade de resposta, fornecendo mais abrigos, mais acesso à água potável e dando mais alimentos a estes refugiados que continuam a chegar. Assim, sem este financiamento, sem uma ação concertada a nível internacional por parte dos doadores, será hoje muito difícil evitar as condições desastrosas vividas por estes refugiados e pelas comunidades de acolhimento no centro do Mali. Apelamos também à criação de mecanismos para uma resolução duradoura da crise no Sahel central, no Mali, no Burkina Faso e no Níger, para poder pôr fim completamente a estas deslocações massivas e a estes conflitos que continuam nesta parte de África e que afetam muitas famílias. 

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26 agosto 2024, 11:43